quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Nesting...



Hoje tudo que eu queria era me entupir de comer donuts !

Mesmo... e talvez exatamente por isso, mas depois que virei mulher das cavernas e passei a comer alimentos paleolíticos, embora dentro da data de validade, e se nem arroz pode, que dirá dos donuts, bolinhos de chuva e outros itens de sobrevivencia na selva emocional que vivem nossos corações ?

Hoje tudo que eu queria era colo, de mãe, de vó, de pai... Colo...

Mesmo... e talvez exatamente por isso, mas depois que virei mulher adulta e passei a viver como viviam os nossos ancestrais, num rush de adrenalina constante, tudo o que eu preciso é de um ninho.

Dizem em inglês, "nesting"...

Fêmeas fazem ninhos para as crias que estão por vir...

Mulheres as vezes fazem ninhos para neles depositarem seus corações, seus problemas, seus corpos exaustos de serem perfeitos, mal nutridos por falta de glúten, lactose, glicose, gorduras trans e tudo aquilo que é ruim mas a gente adora...
Ninhos para um coração cansado de bater sozinho, porque anda complicado bater em compasso com outro coração que busque as mesmas buscas, bata no mesmo ritmo, mesmo compasso, mesma paixão...

Hoje não me contento com café com adoçante e um fatico de bolo que nem é bolo, é um item de segurança feito com farinha de abobrinha, adoçado com agave e sabor de puro cacau, e posso garantir que apesar de custar os olhos da cara tem o exato gosto do canudo de papelão que fica no fim do rolo de papel higiênico.

Hoje quero uma duzia e meia de donuts Boston Cream... quero café com muito creme e açúcar... quero um filme, tão doce quanto, passando na TV, quero um coração apaixonado e correspondido, quero tudo que tenho direito, e de uma vez só !

Não quero o dia 30 do mês em que separo as contas medonhas pra pagar, não quero bolo de papel, não quero ser adulta mais... Cansei.

Cansei de gente que não sabe se quer, se não quer, se vai ou fica, se senta ou cai....

Cansei de ser "gente grande", quero o horário de verão em sua plenitude quando me dava ao luxo de ficar na praia até sete da noite mesmo sabendo que ao chegar em casa ia escutar minha mãe, brava, dizendo "Ana Maria, entra..."
E eu entrava leve, livre e despreocupada, nem tchum pra braveza de mãe... E comia queijo quente, e nem tchum pro pão, queijo, manteiga em quantidade...

E quando tocava o telefone e lá estava o "garoto da vez", e quando soprava um vento que tinha cheiro de praia e bronzeador, e quando do meu quarto escutava o som reconfortante da minha família se agitando pela casa e tinha nas mãos o mais novo livro do Stephen King, aí sim, eu estava no mais perfeito dos ninhos, e tinha paz na alma e no coração.

Meninas, meninas, se eu pudesse dizer que é melhor não crescer, que é melhor ser adolescente prá sempre e mais três dias, eu diria... mas não é.
Só é bom até certa idade, depois a gente tem que sair do ninho, da praia, da zona de conforto, e voar.

Por mais que nos doam as asas em certos dias


image by .everythingbecky.com



Nenhum comentário:

Postar um comentário