Perigos do Facebook....

Minha amiga Maria Luiza me convida para curtir uma página chamada Bunda Diamonds...

Uma completa estranha me escreve e fico pasma, na verdade fomos colegas no Jardim da Infância !

Meu companheiro de sofrimento precisa de uma "vida" no Candy Crush.

Adote um gatinho, compartilhe um bom-pensamento, declare ao mundo o que você está sentindo, pensando, vestindo...


Loucura ? Delírio ? Nada disso, o nome do jogo é Facebook...
E que importa que tenhamos vivido toda uma existência sem ele ? O fato é que, entrou, curtiu, não saí mais...

Conheço casais que brigavam por conta da Farmville, e conheço casais que simplesmente se recusam a ter um ao outro como "amigo" por medo das brigas e do ciúme, e conheço casais que se formaram no Face...

Minha amiga Dinah me conta que está de mudança para Portugal, toda felizinha e cheia de brilhos nos olhos, lógico que ninguém muda de cidade ou de país sem ter um motivo ao menos relevante, e com Dinah a coisa foi assim, segundo ela me contou...

" Foram anos de relacionamento triste, sabe ? Porque a maioria dos começos são alegres, mas nem sempre dura essa alegria, e a gente até se contenta com a falta de emoção, a gente até se conforma que amor nem sempre é o tal do fogo que arde sem se ver e sim uma leve fumaça de quando em vez, mas o fato de pelo menos existir o "de quando em vez" é que sustenta os dias mais chatos, são as lembranças boas que dão força pra segurar a barra dos tempos das vacas magras ou das brigas constantes, ou das noites em que você não sabe se torce pra chegar em casa ou se desiste de vez".

Assim ela definia seu casamento de longa data...
E eu sempre que escutava tinha na minha frente a imagem de um vasto e árido deserto, mas sabe-se lá, sempre achei que havia um céu de tempestade pairando sobre esse deserto... Sabe lá se um dia chove ?

Pois é... coisas do Facebook, minha amiga Dinah olha pra direita da página e lá está a lista de pessoas que talvez você conheça, e no meio delas, um rosto ligeiramente familiar e um nome totalmente inesquecível "Pedro Siqueira"... Tantos Pedros nesse mundo, e com certeza muitos e muitos são Siqueira, mas para Dinah só havia um. Só tinha existido um "Pedro".
Um Pedro de primeiro amor, de beijos roubados, de mãos dadas na porta da escola, de brigas com pai e mãe e de choros, revoltas, revoluções, paixões... Pedro de adolescência, Pedro que te espera no portão, Pedro que nunca vou te esquecer por mais que eu viva.
Unzinho só...

Ainda bem que Dinah não teve medo, e deu aquele pulo enorme num único clique do mouse. Amizade reatada, conversas que retornaram do ponto exato em que haviam parado há vinte anos atrás, e Pedro que já foi de tudo na vida e hoje é sushiman em Lisboa... e é isso, o Pedro que já foi de tudo, de tudo mesmo, inclusive o menino que nenhum pai queria pra namorado da filha, esse Pedro que nunca saiu de todo do coração de Dinah e agora está em outro país, outro continente, mas tão pertinho, tão pertinho que Dinah que não precisa mais dizer aos pais aonde vai e que nem vai perder tempo em explicar ao futuro ex-marido que o divorcio tarda mas não falha, essa Dinah pegou a mala e já está indo reencontrar a vida, tirou do pause e botou no play...

Choveu no deserto, não deixo de sorrir com esse pensamento...







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