terça-feira, 9 de abril de 2013

A Peruca



O Amor existe no Mundo da Internet ?

Creio que sim... Afinal é um vasto mundo, onde de tudo tem um pouco...

E não pense que as coisas são mais fáceis do Mundo Real... na na ni nanã... Tanto não são, que muita gente corre para a Internet depois de uma desilusão, e foi o que aconteceu com uma amiga, como vou contar para vocês...


Foi assim que a encrenca começou, digamos há uns dois anos atrás, e ela num momento complicado da vida, 35 anos, solteira, sem filhos. Retrato de uma mulher comum, com um emprego comum, uma família comum.

Sozinha no Rio de Janeiro, uma das cidades consideradas mais sensuais do mundo, bom, pra quem não mora aqui, obviamente...
Depois de três anos do que parecia um namoro serio com um homem absolutamente fóbico em se tratando de relacionamentos sérios, grades em janelas e quartos escuros,sujeito meio esquisito, mas professor de musica, artista, sabe como é, né? E afinal, fobias passam... Três anos de namoro já era uma boa prova disso, desde que ela dormisse com as cortinas abertas na janela sem grades do  quarto no Jardim Botânico, que graças aos céus fica no decimo andar, então entra luz, barata voadora, bichos diversos, mas não entra ladrão, a não ser que seja o Homem-Aranha, mas isso é meio difícil de acontecer, então vá lá... Pelo menos não dormia sozinha, digo não dormia sozinha três ou quatro vezes por semana já que o moço volta e meia dormia em destino ignorado... É, ele não tinha exatamente uma casa, mas dormia na casa da tia, na casa do primo, na casa dos amigos... Esquisito? Um pouco, mas ela sempre se dizia: ”artista”... E seguia sua rotina, trabalho, amigas que sempre olharam pra ele com a  cara meio torta, acho que por conta da peruca... Que peruca ??? Você me pergunta,e... sim, o Kiko (o nome dele é Afonso, mas gosta de ser chamado de Kiko, até assina Kiko, tudo bem, “artista” né?). Bom o Kiko usava peruca...

Bom o caso é que o Kiko ficou careça (bip, bip, palavra proibida para minha amiga durante três anos) muito cedo, então resolveu usar peruca, dessas que ficam meio costuradas na cabeça, e ela achava que ele passava alguma cola também, porque volta e meia ficava horas no banheiro e depois era aquele cheiro de cola que punha qualquer rinite no nível máximo da escala de nariz entupido... Minha amiga chegou a me perguntar se ele cheirava cola, mas depois concluiu que era pra tal da peruca não sair do lugar...
Ah mas "deixa de ser preconceituosa", era esse o mantra. Que é que tem de mal uma simples e inofensiva peruca? Nada, nada de nada, nadica... Desde que nunca seja citada, percebida ou acariciada, três anos sem fazer cafuné no namorado, mas tudo bem, o segredo do sucesso em termos de filosofia é respeitar a peruca alheia...
As nossas amigas em comum riram muito dessa infeliz peruca, e ela até entendia, afinal as perucas que querem passar despercebidas deveriam ser da mesma cor do cabelo, mas Kiko queria uma peruca meio loira, assim digamos cor de mel, e os cabelos de verdade eram castanho escuros, ou seja, o rapaz tinha esse visual ton sur ton, mas tuuuudo bem... Ela pensava “artista”.
Claro, nem tudo era peruca na vida do casal, tiveram bons momentos, ele tocava o tal do violoncelo horas e horas, e ela me confessou que nunca dormiu tão bem, e hoje até se questiona se o efeito calmante de musica causava tédio ou profundo relaxamento,ou de fato,uma mistura dos dois...
E assim se passaram três anos, entre perucas, noites com e noites sem. Mas nas noites com, ela ficava até feliz. Engordou um pouquinho porque a alimentação do rapaz consistia basicamente em queijo quente, batata frita, pizza e canjica, sim, o maldito não engordava um quilo sequer, mas ela não...  Afinal cada um com seus problemas, já que a moça tinha lindos cabelos e não necessitava peruca, então não podia se queixar de uns míseros três ou quatro quilos. É, ela não se queixava, mas o peruquento, digo, Kiko, esse se queixava bastante – então, ele dizia para ela  parar de comer, mas parar radicalmente, não é dietazinha não, é jejum ! Dizia "você está ficando uma bola! esse queijo quente é meu, toma sua sopa de misso!"
Isso era de uma tortura que nem te conto... Ele na pizza com borda de catupiry e ela na maldita sopa de misso, mas era pro bem, logico, então dá-lhe misso maldito do inferno, ela odiava esse misso e nunca mais quer ver isso na  vida!
Pensando bem, era esquisito, ela comia pouco e engordava, acho que era estresse puro e simples, ou então era castigo... E piorou, ah piorou muito, a tal ponto que a sopa de misso era a melhor parte da historia.

Tornando curta uma historia longa, Kiko largou minha amiga, depois de três anos de tortura e três kilos a mais na balança por uma aluna de violoncelo, treze anos mais nova e treze kilos mais magra.

A amiga em questão está num site de relacionamentos, no seu perfil consta bem claro : "não suporto violoncelo e nem sopa de misso".




2 comentários:

  1. Sensacional!!! Divertido, porém real - quantas vezes a gente entra na "sopa de missô" pra agradar ao outro e cai numa roubada... é trocada, como um pneu furado (no caso um pneu MUUUUITO cheio!)

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